Páginas

sábado, 12 de janeiro de 2013

Um canto que poderia durar mais tempo!

 

Geralmente, não assisto nada na TV Aberta e quando assisto é quase certeza que vou zuar aqui no "Photo Bobagem". Porém, sempre tento ser justo, e quando vejo algo que gosto, elogio e muito a obra televisiva! É o caso da microssérie "O Canto da Sereia", baseada na série homônima de Nelson Motta.

O que mais gostei dessa microssérie é que ela foge do lugar comum e nos apresenta uma história policial sem ser infantilizada ou censurada pela Rede Globo, que há muito tempo vem tratando o telespectador como uma criança que acredita que o Super-Homem só voa por causa da capa e vai imitar isso pulando de um prédio com um pano amarrado no pescoço! Dessa vez, a toda poderosa acertou em cheio!

Isis Valverde, que para mim era só um rostinho bonito na televisão, interpretou à vontade e com muita energia a cantora de axé bissexual Sereia, que ao longo de sua carreira profissional, foi colecionando desafetos que se tornam os principais suspeitos de serem o assassino que cala a sua voz. Cantando em cima de um trio elétrico, tento ações de uma estrela pop ou em cenas tórridas de sexo, a atriz não parecia forçada, dando muita naturalidade ao personagem.

Marcos Caruso, novamente um show à parte: fazendo o papel de um político corrupto, quase não dá para acreditar que é a mesma pessoa que interpretou o cômico Leleco de "Avenida Brasil". O mesmo digo de Camila Morgado, a empresária Mara que tinha um caso com a personagem título. Aí, talvez alguns liberais podem torcer o nariz pelo fato de não ter aparecido nem sequer um beijo entre as duas. Na minha opinião, isso não diminui em nada a excelente história que se desenrola.

E, na minha humilde opinião, o grande destaque dessa trama fica acargo de Marcos Palmeiras, como o segurança e detetive particular Augustão. Com direito a baforadas de cigarro, Augustão nos faz lembrar dos antigos detetives de filmes "noir", que possuem um caso com a vítima, narram a história que se desenrola, dedicam a sua vida para descobrir quem é o assassino, desconfia de todo mundo, junta pistas, até se deparar com a terrível verdade.

Não posso esquecer do excelente ator João Miguel, fazendo o fã devoto Só Love. O primeiro trabalho que vi deste ator foi como o Ranulpho do filme "Cinema, Aspirina e Urubus" (recomendo). Sempre perto de sua deusa Sereia, Só Love não é o esteriótipo cômico de homossexual que geralmente vemos nas obras televisivas. A dor da perda do seu ídolo é realmente forte,coisa que só um grande ator pode emprestar para o seu personagem. E João Miguel está de parabéns ao dar vida ao Só Love.

Outros personagens também merecem elogios. Entre eles a mãe de santo Marina de Oxum, interpretada por Fabiula Nascimento (a Olenka de "Avenida Brasil"), Paulinho de Jesus (Gabriel Braga Nunes), Tuta Tavares (Marcelo Médici), Vavá (Fábio Lago) e, dentro das limitações da atriz estreante, a delegada Pimenta (interpretada pela cantora de axé Margareth Menezes). 

Li na internet que a Globo mudou o final do livro de Nelson Motta. Sobre isso, não posso dar uma opinião pois não li este livro. Mas acredito que o final da Globo também agradou ao telespectador. O único ponto negativo dessa trama é que ela foi muito curta. Realmente uma pena! Pois o "Canto da Sereia" nos mostra que não é preciso os gritos irritantes de Carminhas e Ninas, ou um marmanjo que curte uma chupeta, nem mesmo um capitão babaca, para fazer sucesso no Brasil. O que é necessário é ter uma excelente história e deixar o público se apaixonar por ela.

Essa foi a minha humilde opinião!
    


Nenhum comentário: